É notória a polêmica que surge quando se pergunta a fãs de Deep Purple qual sua fase favorita ou qual seu vocalista favorito. Minha opção é a fase entre 1969 e 1973, quando a banda contava com Ian Gillan, Roger Glover, Jon Lord, Ian Paice e Ritchie Blackmore. Quanto ao vocalista, também indico o desta fase. Aliás, considero Gillan o melhor vocalista de todos os tempos.
Necessário é, porém, frisar que gosto de tudo do Deep Purple que chegou aos meus ouvidos. A MKIII, fase do Deep Purple do biênio 1974/75, foi a primeira que pude apreciar, e declaro que Glenn Hughes e David Coverdale substituíram muito bem Glover e Gillan, respectivamente, mas a fase destes foi a que lançou a banda ao mundo. Também digo que Glenn Hughes, baixista/vocalista das MKs III e IV, tem a terceira melhor voz que ouvi em toda minha vida.
Depois de esclarecer isso pela enésima vez, partamos ao álbum lançado em 1972.
Este play tem toda uma história à sua volta: um incêndio ocorrido no cassino onde a banda de Frank Zappa tocou, sendo os integrantes do Purple espectadores. As gravações de Machine Head, é importante ressaltar, foram feitas no estúdio móvel dos Rolling Stones, assim como ocorreria com o Burn dois anos mais tarde.
Agora tentarei dar uma idéia do que vem a ser cada música desta obra-prima.
O filé começa com uma faixa sensacional: Highway Star. Posso me arriscar a dizer que esta é a música mais Heavy Metal de Machine Head. A introdução de bateria e baixo, com Paice e Glover, é algo para se destacar. A voz de Ian Gillan soa poderosa como sempre, com muita energia e afinação, com agudos que somente alguém com muito fôlego e técnica poderia executar. Jon Lord e Ritchie Blackmore chegam ao ápice com seus solos super criativos.
Maybe I´m a Leo já é um pouco menos Heavy Metal, tendo mais um toque de Hard Rock. Os riffs de Blackmore, como de costume, fixam-se à mente do ouvinte assim como um chiclete no sapato. A grande diferença é que o chiclete no sapato é desagradável, enquanto os riffs de Ritchie são supremos.
A terceira faixa, de nome Pictures of Home, tem a mesma pegada Hard Rock da faixa anterior e da posterior, Never Before. A introdução de bateria da faixa de número 3 é algo que demonstra a energia com a qual os músicos estavam ao gravar esta obra. Todas elas têm um grande apelo para os riffs do gênio Ritchie Blackmore e para os teclados do não menos genial Jon Lord.
A quinta faixa, Smoke on the Water, trata-se da mais conhecida de toda a história da banda. As letras foram inspiradas nos acontecimentos de Montreux citados acima. É curioso também o fato de o famoso riff que faz parte da introdução e que é, segundo muitos, o melhor riff da história do Rock, ter sido criado de forma avulsa por Blackmore, o que demonstra toda a criatividade dos músicos daqueles tempos, coisa que talvez não mais vejamos no futuro.
A faixa de número 6 é Lazy, com uma introdução muito bem executada de Jon Lord. O instrumental tem uma duração elevada para os padrões deste disco até que a voz de Gillan apareça.
A última faixa da versão normal de Machine Head é Space Truckin´, que destaca bem a bateria de Ian Paice do começo ao fim. Jon Lord, da mesma forma que na faixa antecedente, faz seu papel de tecladista com maestria.
A oitava faixa, que aparece no compact disc comemorativo de 25 anos do filé, é When a Blind Man Cries. É uma música muito diferente de todo o Machine Head, sendo bem melancólica, não tendo todo aquele peso de Highway Star ou Space Truckin´. Aqui podem ser conferidos lindos riffs de Ritchie Blackmore e uma forma de cantar de Ian Gillan que pode nos remeter a alguns trechos de Child in Time, terceira faixa de In Rock.
Este álbum é algo obrigatório para a coleção de qualquer fã de Metal e Hard Rock, bem como os outros álbuns das MKs II, III e IV. Se você, contudo, é um true que nega a música dos anos setenta e que pensa que somente a Escandinávia tem boas bandas e que estas se inspiraram em nada além do vermelhão das lendas judaico-cristãs, não siga meu conselho.
Por RODRIGO BLACK a.k.a. HELLDRIGÖ, que não é o Gordinho Deep Purple.
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