Antes de qualquer coisa, é de se mencionar que eu esperava muita diversão na ida e na volta do espetáculo, uma vez que na van em que eu me encontrava foram Caio "Blaster", Thiago "Coxinha", Carioca, Adriano e Ricardo "Rush". Não foi, no entanto, como eu pensei: diverti-me muito mais do que imaginei, tendo caído lágrimas de meus olhos devido a tantos risos!
Chegando ao local do evento, foi possível verificar um bom tempo, não sendo necessária a utilização de capa de chuva até a nossa saída da capital paulista, o que tornou os momentos no Morumbi ainda melhores.
A movimentação, por óbvio, era gigantesca nos arredores do estádio. Até mesmo fãs de Minas Gerais se dirigiram ao local, o que coloca às claras que mencionado Estado é o maior na cena Heavy Metal do Brasil.
Meia hora passada de nossa chegada, resolvemos entrar no Cícero Pompeu de Toledo, onde tirei muitas fotos com o pessoal. Logo após entrar, tratei de me dirigir ao sanitário cantando Welcome Home (Sanitarium) (piada infame).
Conseguimos um lugar razoável para assistir ao show do Sepultura, que começou cerca de 30 minutos após nosso ingresso ao recinto.
A apresentação de referida banda, como sempre ocorre, gerou polêmica, com muitas pessoas lamentando a ausência dos irmãos Cavalera, e outras, também muitas, curtindo a atual formação, estando eu neste grupo.
Os 3 brasileiros e o americano colocaram o Morumbi abaixo com clássicos da era Igor & Max ao lado de músicas dos últimos álbuns, dentre estas sendo destacadas Moloko Mesto, What I Do!, Convicted in Life e Sepulnation, que funciona, na minha opinião, muito melhor ao vivo do que na versão de estúdio.
Já entre os clássicos, a banda tocou Dead Embryonic Cells, Inner Self, Arise, Slave New World, Refuse/Resist, Troops of Doom, Roots Bloody Roots e Territory, que levantaram a multidão presente, sedenta por Heavy/Thrash Metal.
Cerca de meia hora após a grande apresentação de Derrick Green, Jean Dolabella, Andreas Kisser e Paulo Xisto, entraria em cena o Metallica, fenômeno do Metal mundial tanto em termos comerciais como musicais, que conseguiu fazer sucesso sem perder a essência dos primeiros discos (salvo o desastroso St. Anger, que sequer teve solos de guitarra, marca registrada do Metallica).
A música que abriu o tão aguardado espetáculo foi Creeping Death, do álbum Ride the Lightning. A massa de fãs foi à loucura com este hino do Thrash Metal, sétima faixa do disco de 1984.
Foi tocada, logo em seguida, de forma majestosa, For Whom the Bell Tolls, do mesmo álbum. Ouvir James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo com toda aquela inspiração foi algo impressionante!
Depois destes dois clássicos de 1984, o quarteto embalou a maravilhosa The Four Horsemen, do álbum de estréia da banda. Os riffs e solos matadores desta música tocados ao vivo foram para tirar qualquer ouvinte de Rock do chão, tamanha a empolgação que causaram!
Pulando do Kill' Em All para o ...And Justice for All, fomos agraciados pelos excelentes músicos com a música Harvester of Sorrow, com as guitarras de Hammett e Hetfield, o vocal do último, a bateria do dinamarquês Ulrich e o baixo de Trujillo para colocar todos os metaleiros presentes em delírio!
A próxima faixa, a que mais me marcou neste show, foi Fade to Black, com a banda voltando ao ano de 1984. Somente de lembrar, já me arrepio! A música já começa com uma introdução para fazer qualquer um chorar (as lágrimas chegaram aos meus olhos no momento, mas consegui não derramá-las), sendo algo lindo, que ultrapassa as barreiras do Thrash Metal!
Após esta maravilhosa canção sendo magnificamente tocada pelos monstros que estavam no palco, pudemos conferir a faixa de abertura do último trabalho da banda: That Was Just Your Life. Esta música é Thrash Metal puro, bem oitentista, com riffs poderosos e opressores. O Death Magnetic, aliás, trouxe a banda, em 2008, de volta das cinzas em que se encontrava após o lançamento do fraquíssimo St. Anger, de 2003, podendo ser chamado de a ave Phoenix do Metallica.
A destruição continuou com mais uma maravilhosa música de 2008: The End of the Line. Mais uma vez, pudemos todos conferir um trabalho de guitarras, baixo, vocal e bateria digno de estar em qualquer coletânea de Thrash Metal, demonstrando a vitalidade recuperada pelo Metallica há cerca de um ano e meio, para o bem dos amantes da boa música.
Com mais uma música de Death Magnetic, The Day That Never Comes, a mais famosa deste trabalho, o Metallica continuou o excelente show. Sua introdução, remetendo-nos a One e, principalmente, Fade to Black, fez-me ficar novamente arrepiado. A parte instrumental e final, por sua vez, fez o local todo tremer.
Logo em seguida, voltamos ao ano de 1991, com a banda tocando o clássico Sad But True. Eu me pergunto sempre como o Metallica conseguiu ao longo da carreira fazer sucesso sem perder as raízes, mas, ao mesmo tempo, de forma até paradoxal, se tornando mais acessível a ouvidos não acostumados com Thrash, Death ou Black Metal. Esta faixa, a segunda do álbum auto-intitulado, popularmente conhecido por Black Album, foi cantada pela multidão junto com o monstro James Hetfield, que esbanjou simpatia durante toda a noite.
Depois deste breve retorno a 1991, a banda mandou ver em mais um petardo de Death Magnetic: a destruidora Broken, Beat & Scarred. É maravilhoso saber que o Metallica está na ativa de forma espetacular, e não mediana, como muitas bandas estão por aí. Seus integrantes se apresentam de forma apaixonada, não apenas por obrigação!
Seguida da terceira faixa do álbum de 2008, foi tocada a incrível One, de ...And Justice for All. Foi possível apreciar os fogos no início dos efeitos sonoros da canção, o que levou a multidão à loucura! Veio-me, mais uma vez, um arrepio ao ouvir a introdução da música. Refleti, durante os riffs iniciais, sobre o duro momento pelo qual James, Kirk e Lars devem ter passado nas gravações do álbum posterior à morte do baixista Cliff Burton.
Após esta pérola de 1988, a banda tocou a faixa que dá nome ao álbum de 1986. Master of Puppets somente teve uma baixa: a guitarra de Hetfield ficou sem som durante cerca de 30 segundos, algo escusável numa noite espetacular como aquela. Mesmo com este imprevisto, o músico não se abalou e continuou seu ótimo trabalho na canção.
Os quatro cavaleiros voltaram a tocar algo do álbum de 1988: Blackened. Nela, foi possível conferir efeitos especiais de altíssima qualidade, com labaredas quando Hetfield gritava "Fire!". Referida faixa é puro Thrash Metal, com as guitarras e o baixo ditando o ritmo!
Seguida desta preciosidade, veio aos nossos ouvidos Nothing Else Matters, com uma bela introdução de guitarra por Hammett, amenizando a opressão metálica. Esta balada do Black Album foi maravilhosamente tocada pelo quarteto, explicando o motivo desta banda ser um sucesso: ela não é limitada ao Thrash Metal, mas é um ícone do Rock N' Roll no geral, como comentaram meus amigos na viagem, chegando ao patamar de nomes como The Rolling Stones e Queen, por exemplo.
Continuando a tocar os filés do álbum de 1991, o Metallica embalou sua faixa de abertura, talvez o maior hit da banda: Enter Sandman. Mais uma vez, pudemos conferir uma banda coesa, inspirada e com energia de garotos em início de carreira!
Após uma breve pausa, a banda retornou tocando Stone Cold Crazy, do Queen. Os fãs presentes se empolgaram com este clássico do saudoso Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor.
Seguida dela, pudemos ouvir dois clássicos do álbum de 1983, Kill' Em All: Motorbreath e Seek and Destroy, esta muito pedida pelo público. Tais faixas encerraram a majestosa apresentação com chave de ouro, estando os músicos, principalmente Hetfield, felicíssimos pelo apelo dos fãs pela última música.
Depois do concerto, foi verificável a satisfação de todos os membros do Metallica em ver a multidão realizada com músicas tocadas perfeitamente em termos técnicos e de empolgação. O único porém, mas que não prejudicou o show, foi o alto volume dos bumbos de Ulrich, o que chegou a embolar o som dos demais instrumentos.
O dia 30 de janeiro de 2010 foi, portanto, um marco na história do Heavy Metal no Brasil: duas bandas competentes levantando uma multidão no Morumbi. A primeira, embora injustamente não reconhecida por grande parte dos ouvintes, fez um ótimo papel. A segunda, por seu turno, terminou a noite com clássicos e novas canções mescladas num set list matador.
Por Helldrigo a.k.a. Rodrigo Black