É cabível, em primeiro lugar, tecer alguns comentários sobre o local do show, de nome "Fantastic", na divisa entre as cidades de Santos e São Vicente, situado nesta.
O que vi foi uma estrutura razoável para as condições dos lugares onde se realizam shows na Baixada Santista. Para exemplificar, temos o "Space Rock", de Santos, sito à avenida Conselheiro Nébias. Lá não há uma estrutura de palco tão boa quanto à do lugar na chamada divisa dos tambores, nem mesmo de som, embora sejam satisfatórios.
Também achei o espaço da "Fantastic" melhor em todos os quesitos, desde o banheiro até a pista de show.
Digo mais: no que diz respeito à segurança dos arredores, o "Space Rock" deixa muito a desejar perto da "Fantastic", apesar daquele estar ao lado da Polícia.
Partamos, agora, ao quesito música, que é o que mais interessa aos leitores deste blog.
Cheguei ao local do evento por volta de 20:50, cerca de 20 minutos depois do horário marcado no ingresso, com William e Daniel. Pouco depois, encontrei o companheiro de blog Thiago "Lord Cox", tendo pouco depois entrado com ele, para assistir aos shows, um dos quais já estando a rolar, com o Shadowside.
O que percebi desta banda foi uma mudança impressionante em apenas um ano, e para melhor. Não, não aconteceram mudanças de todos os músicos, mas somente de um, qual seja o baixista.
Só para se ter uma noção da minha primeira impressão da banda no ano de 2008, eu apelidei a banda de "Chatoside", pois bocejei inúmeras vezes, tendo me sentido torturado com o som, que não tinha pegada alguma. E isto se aplica àquela formação toda, sem exclusão da vocalista, que não cantava, segundo minha humilde opinião, coisa alguma.
Já ontem, o que pude reparar foi uma melhora absurda para apenas um ano: um baterista que não mais parecia um "lango-lango", com muito mais segurança na hora de executar seu trabalho; uma vocalista com muito mais técnica, além de presença de palco; o guitarrista sendo o destaque do quarteto, com muito peso nos riffs e solos; o baixista, que é, diferentemente do antigo, que parecia um integrante do KLB, por causa de seu visual, competente na hora tocar seu instrumento, dando mais peso também.
Eu digo que não conheço o repertório da banda, mas fui informado pelo "Lord Cox" que ontem predominaram as faixas do álbum "Dare to Dream", lançado há poucos meses. Também pudemos conferir uma cover de "Angel of Death", do Slayer. O único ponto fraco dela foi a falta da segunda guitarra, que não foi suprida pelo baixo, mas a banda mandou bem.
Eu confesso que meu conceito a respeito do Shadowside mudou por completo, pois eu fui à "Fantastic" esperando uma apresentação fraca, por força do trauma do show de julho de 2008. Eu entendo que esta banda deve ter trabalhado muito duro nos últimos doze meses para melhorar tanto!
Devo, portanto, render-me à banda e dar meus parabéns pela sua enorme evolução em tão pouco tempo!
Finda a apresentação supra, houve um pequeno intervalo para a apresentação do Sepultura, banda nacional de maior repercussão no exterior em todos os tempos, sem sombra de dúvidas.
Muitos diriam, primeiramente, que o Sepultura acabou com a saída de Max Cavalera e morreu de vez com a saída de Igor, seu irmão. Eu, por outro lado, curto os álbuns de estúdio da era Max e de 2003 até os dias atuais também, pois não gosto mesmo do "Nation" e do "Against".
Durante o citado intervalo, eu e o Thiago conversamos com um pessoal, como o Tarso, o guitarrista da ótima banda Infector, dentre outros. O "Coxinha" também conseguiu pegar autógrafo com a Dani Nolden, vocalista do Shadowside.
Passada esta parte, vamos ao que interessa: o grande Sepultura!
Logo após a intro, a banda mandou ver com "Moloko Mesto", do novo álbum, "A-Lex", além de outras faixas, como "We've Lost You!", por exemplo. Isto foi uma pequena amostra do que seria o restante do show: uma banda de 25 anos que consegue, apesar das mudanças profundas em sua estrutura, agitar um público com novas e antigas canções.
Derrick Green mostrou a todos que consegue fazer ao vivo o que executa em estúdio. Eu, por exemplo, nunca tinha visto os caras ao vivo, mas tinha ouvido o "Live in São Paulo", que em muito me desagradou. Tal gravação comprometou o Derrick, o que me fez pensar que ele não conseguia aguentar um show como faz nos álbuns. Ontem, meu conceito sobre ele mudou para melhor, pois o cara, além de ter peito para assumir a posição de front man de uma banda que teve Max Cavalera, é competente e não deixa nem um pouco a desejar! Ontem eu não senti saudades do antigo vocalista, para ser sincero.
O novo baterista, Jean Dolabella, não está no Sepultura à toa, pois fez um ótimo trabalho, tanto nas novas faixas como nas mais antigas, com muita pegada e energia! O cara já tem a identidade da banda, e isto é muito legal de se ver! Foi outro que não deixou o público com saudades de seu antecessor, que é ninguém mais, ninguém menos que Igor Cavalera.
Paulo, o membro mais antigo da formação atual, com seu jeito tranquilo, executou seu trabalho no baixo com muita competência em todas as músicas. Destaco sua capacidade para fazer sozinho o papel da base quando Andreas fazia os solos das músicas da era Max Cavalera, tendo em vista que hoje em dia somente há um guitarrista na banda. Não houve, como muitos dizem por aí, prejuízo no peso do som dos clássicos.
Andréas Kisser, que entrou na banda para gravar o álbum "Schizophrenia", de 1987, honrou os fãs de Sepultura com seus solos e riffs carregados. Sua presença de palco é destacável, tendo agitado o público a cada segundo, junto com Derrick, principalmente no momento em que se aproximou do lado esquerdo do público, onde estávamos eu e "Lord Cox".
Enfim, o que se pôde ver ontem, dia 1º de agosto de 2009, foi um Sepultura com muita garra para manter o nome vivo por um quarto de século, como indica o encarte do "A-Lex". Deve-se valorizar a atitude destes quatro grandes músicos, que não deixam a chama da maior banda brasileira de todos os tempos se apagar, ao contrário do que pensam as chamadas "viúvas" dos irmãos Cavalera. Não apreciamos somente os clássicos "Mass Hypnosis", Inner Self", "Arise", "Territory" e "Roots, Bloody Roots", mas, também, "Convicted in Life" e "Sepulnation", por exemplo, que ficou ótima no show de ontem, ao contrário da versão de estúdio.
Ontem foi, portanto, um dia memorável para o Rock brasileiro, com duas bandas muito competentes tendo se apresentado, apesar dos radicais de plantão, que não foram ao show, contrariarem tal assertiva.
Por RODRIGO "BLACK" a.k.a. "HELLDRIGÖ".